terça-feira, 30 de novembro de 2010

artigo 6 - você alimenta o monstro que te come.

O ser-humano se torna vivo ainda quando feto. Não possui boca, ouvidos, olhos, nem mesmo nariz mas já respira. Quando feto, o ser-humano tem uma prova de fogo já no ventre de mãe; ele é obrigado a conviver e a gostar de todos os alimentos que a sua provedora ingere. A partir daí, sem saber, um pobre recém-nascido, ou nem mesmo isso, está colocando para dentro de seu organismo as substâncias mais tóxicas que circulam nos mercados de alimentos.
O feto nasce. Ele chora. Parece difícil de acreditar, mas não é impossível deduzir o pôr que: ele sabe que assim que nascer a sociedade estará pronta para corrompê-lo. Prova disso? Nos seus primeiros momentos respirando o ar puro do mundo, em um espaço totalmente novo, mesmo com medo, ele é retirado dos braços de sua maior protetora: sua mãe. O bebê é levado para um berçário, onde a paritr daí, ele é obrigado á conviver em comunidade à outros bebês recém-nascidos que ele nunca ouviu ou viu na vida. E isso acontece apenas na primeira meia-hora de sua vida.
Um simples ato, pouco falado e comentado quando você nasce é o que mais significa: quando se rompe o cordão umbilical. Isso significa simplesmente uma coisa: você está sozinho. Nem mesmo a pessoa que mais te ama no mundo possui uma ligação palpável com o filho que acaba de parir.
Ao sair da maternidade você é bombardeado por sons de carros, buzinas, pessoas histéricas, gritos e músicas. Não te respeitam nem no momento ao qual você mais precisa de cuidado e proteção. Você chora. Chora muito. Chora porque não quer estar ali. Quer voltar para a barriga de sua mãe. Pior. Chora porque você sabe que algum dia, você vai fazer parte disso aí. Você vai alimentar essa sociedade.
Com apenas cinco dias de vida, você vai para casa no colo de sua mãe e assim que chega no que te é designado "lar", sua própria mãe te coloca no berço. Ela não pára pra considerar que talvez o melhor pra você naquele momento é ser simplesmente embalado no seu próprio colo.
Você cresce. A sua mãe te enche de roupas, gorros, sapatos, bonés, casacos. Aí ela te dá de comer do primeiro pecado capital: a vaidade. Com apenas alguns meses de vida é implantado na sua cabeça que o que você veste define quem é você. Você mal sabe, mas está sendo treinado para alimentar o primeiro monstro que vai te comer: as roupas de marca. Isso um dia vai vir á tona. As grifes de loja que você um dia irá desejar será provavelmente a mesma grife que irá matar um urso de frio para fabricar o casaco de pele que, um dia, você irá vestir.
Com cinco anos você vai ter o seu primeiro dia de aula na escola (quando não é antes no maternal). Você conhece aqueles que serão os seus primeiros colegas de sua vida. Aqueles que irão sempre ter alguma coisa que você não têm e, mesmo que você não precise, você vai desejar possuir.
Nisso, a sociedade vai te dar de comer do segundo pecado capital: a inveja. E sem perceber você será atingido com uma das mais letais armas da sociedade; a mídia. Com cinco anos você vê pela televisão aquele carro, aquela boneca ou aquele mais inútil dos brinquedos e, mesmo que você não precise, só por estar aparecendo ali ou pelo seu coleguinha da escola ter, você vai pedir ao seu pai. Pronto. A sociedade está desde muito cedo conseguindo te corromper. Te corrompe e com uma arma que vai te atingir até o fim dos seus dias: a televisão. A mídia, o poder dos comerciais chegam a beirar o absurdo, somente porque você pensa que eles não te influenciam, mas você mal sabe, eles é quem são a alma do negócio, desde então você acaba aderindo ao terceiro pecado capital que a sociedade te impreguina: a preguiça. "Para que caminha no parque, se hoje posso assistir um filme na televisão?" "Para que ouvir a voz dela pelo telefone se podemos nos falar pela internet?" É terrível admitir, mas você, jovem, é um zumbi da sociedade, que só precisa de você para consumir.
O problema é que o consumo requer uma pequena cédula. Um pedaço de papel tão frágil e barato de ser fábricado, ams que ao mesmo tempo é tão difícil e nos custa tão caro de se possuir;  dinheiro. Pessoas se corrompem, roubam, matam por dinheiro e, são julgadas pela sociedade! A mesma que associa o dinheiro a felicidade, que te afirma que pra ser feliz, você precisa ser rico. A sociedade te impõe um quarto pecado capital: a avareza. Você, quando jovem, deve poupar o seu dinheiro para comprar aquele carro ou fazer aquela viagem, que viu na televisão. Você não pode gastar esse dinheiro de maneira nenhuma. Nem mesmo se para isso, você deva se privar de algumas necessidades; como comer.
E se por um lado existem pessoas que deixam de comer, outras comem absolutamente mais que o necessário. Quando você vai a um churrasco e come dez corações de galinha, você pára pra pensar que dez galinhas tiveram que morrer pra você comer um pedaço de carne do tamanha da pata de um chiuahua? "Taí". A sociedade de tá de mão beijada o quinto pecado capital. A gula. Você sabe. O pior é que você sabe que é você o responsável pela morte de milhões de animais anualmente.
Você se casa. Tem uma mulher, uma família, trabalha para ganhar dinheiro. É uma pessoa relativamente feliz. Leva um dia a sua esposa ao cinema e fica deslumbrado com aquela atriz maravilhosaque tá a impressão que o que você têm não é o suficiente, de lá, você leva o sexto pecado capital; a luxúria. Aquela cobiça á mulher do próximo.
Agora você é definitivamente um produto da sociedade. Faz o que ela quer, consome o que ela que e conscente com absolutamente tud que lhe é imposto.
Está furioso com ela? Não fique. Pois você acaba de aderir ao sétimo e último pecado capital que a sociedade lhe impõe: a ira.
Vaidade, inveja, preguiça, avareza, gula, luxúria e ira. Os sete pecados capitais que a sociedade te implanta e te condena por eles.
E você chama a sociedade de "monstro", mas me responde uma coisa: Quem você acha que alimenta esse monstro? É meu amigo. Você odeia a sociedade, mas sinto lhe informar, você faz parte dela.


por alberto szafran.


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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

mafiosos animais - o teatro do absurdo.

MAFIOSOS ANIMAIS
De Alberto Szafran

baseado em "O Rinoceronte" de Eugéne Ionesco.

Doroth e Kelly estão sentadas uma do lado da outra tomando um chá. Doroth para de tomar o chá e olha para Kelly.

DOROTH – Não olha agora não... Mas tem um rinoceronte vindo na nossa direção.

KELLY – Eu já vi... Será que nós... vamos embora?

DOROTH – Não! Continue sentada! Já pensou pagar essa vergonha?!

KELLY – Ta bom...

Tempo.

KELLY – Como é o rinoceronte?

DOROTH – O que?

KELLY – Como é o rinoceronte?

Doroth olha bem devagar e depois volta ligeiramente.

DOROTH – Ele é cinza, e tem um chifre na cabeça...

KELLY – Eu conheço ele!

DOROTH – O que?

KELLY – É o Aroldo...

DOROTH – Quem?!

KELLY – Aroldo, meu vizinho!

DOROTH – O rinoceronte é o seu vizinho?

KELLY – E o pior... To devendo dinheiro para ele!

DOROTH – Você está devendo dinheiro para um rinoceronte?

KELLY – Você acha que ele veio aqui para cobrar de mim???

DOROTH – Depende... Você esta devendo muito dinheiro para ele?
KELLY – Duzentos francos!

DOROTH – Caramba! Rinocerontes odeiam quem fica devendo duzentos francos á eles!

KELLY – Como você sabe?

DOROTH – Porque eu já fiquei devendo para um!

KELLY – Você já ficou devendo dinheiro para um rinoceronte?

DOROTH – Para um hipopótamo...

KELLY – O que o hipopótamo fez?

DOROTH – Ele veio me cobrar o dinheiro!

KELLY – Sim mais na hora de ele te cobrar o dinheiro, o que ele fez?

DOROTH – Ele me levantou com o chifre...

Kelly interrompe.

KELLY – Hipopótamo tem chifre?

DOROTH – Não... Mas esse tinha! E era grande!

KELLY – Maior do que desse rinoceronte?

Doroth volta á olhar o rinoceronte.

DOROTH – Oh!

KELLY – Mas o que ele fez?

DOROTH – Ele quem?

KELLY – O hipopótamo!

DOROTH – Ele me levantou com o chifre!

KELLY – O hipopótamo?

DOROTH – É... E a pior parte ainda está por vir... Um cachorro...

KELLY – Um cachorro?
DOROTH – Um cachorro que o acompanhava estendeu a pata para mim. Foi quando descobri que ele era cego!

KELLY – É impressionante, esses cachorros de hoje em dia guiam até hipopótamos!

DOROTH – Mas quem disse que o cego era o hipopótamo?

KELLY – Não era?

DOROTH – O cego era o cachorro, e quem estava o guiando era o hipopótamo!

KELLY – Mas isso é um absurdo! Porque ele não usava uma bengala?

DOROTH – Não sei... Só sei que atrás do cachorro havia uma onça!

KELLY – Uma onça?

DOROTH – É... Uma onça de terno! Devia ser o seu segurança!

KELLY – Estava armada?

DOROTH – Quem?

KELLY – A onça!

DOROTH – Não sei, quer dizer, é, quer dizer, não vi!

KELLY – Afinal você viu, ou você não viu?

DOROTH – Não vi... Mas eu sei que ela estava!

KELLY – Como você sabe?

DOROTH – O que?

KELLY – Que a onça estava armada?

DOROTH – Porque toda hora ela mexia no bolso!

KELLY – Poderia ser para pagar a conta!

DOROTH – Você acha que segurança vai pagar a conta?

KELLY – Mas continua...

DOROTH – A situação ficou pior!

KELLY – O que aconteceu?

DOROTH – Chegou um lobo, acompanhado de uma vaca, e atrás um tigre, esse de bengala e vestindo um terno...

KELLY – Então eram duas gangues, gangues animais!

DOROTH – Exatamente! Dois grupos de mafiosos, muito bem vestidos, e muito bem armados!

KELLY – E o que aconteceu depois?

DOROTH – As duas gangues entram no toalete masculino...

KELLY – E depois?

DOROTH – E depois eu nunca mais os vi! Eu só me lembro de um cavalo, vestindo uma roupa policial, que galopava na minha direção para acalmar a situação...

KELLY – E o que mais?

DOROTH – Acordei...

KELLY – Acordou?

DOROTH – Acordei em uma cama de hospital onde vi que o médico responsável era um flamingo...

KELLY – Mas você acha que o Flamingo também faz parte da conspiração?

DOROTH – Dificilmente! Eu mal tinha acordado e ele já tinha me dado alta...

Kelly olha para traz.

KELLY – Ué, onde está o rinoceronte?

DOROTH – O rinoceronte sumiu?

Kelly volta á olhar para traz.

KELLY – Um hipopótamo!

DOROTH – Pois é um hipopótamo me levantou com o chifre...

KELLY – Não tem um hipopótamo atrás da gente!

DOROTH – Há meu deus! Então eu acho melhor agente ir embora antes que ele venha cobrar duzentos francos á gente!

KELLY – Um hipopótamo já veio te cobrar duzentos francos?

DOROTH – Eu ainda não te contei essa história?

KELLY – Não...

DOROTH – Então eu vou contar...

Doroth começa á contar toda a história novamente enquanto a luz vai apagando e uma música de fundo termina a cena.

FIM.


por alberto szafran.


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os músicos de bremen.

O primeiro espetáculo que escrevi na minha vida, foi há sete anos atrás. Foi baseado em uma história que li chamada "Os Músicos de Bremen" (história também que deu origem do musical "Os Saltimbancos" de Chico Buarque). Lembro bem que era uma peça para ser apresentada na escola, para a minha turma de teatro. Encontrei, meio que nos meus documentos e achei, que pra mim pelo menos, é um pequeno tesouro! Como fiz com onze anos de idade, sejam gentis!

 O CENÁRIO DE INÍCIO É UM PAINEL COM UMA FLORESTA PINTADA. DURANTE AS CENAS SÃO TRAZIDOS DA COXIA ACESSÓRIOS QUE COMPLETAM O CENÁRIO DE ONDE SE PASSA A CENA.

Cena 1-----------------------------------------------------------------------------------------------------
Cenário é somente o painel da floresta. O Burro está sentado em cima, com a cabeça baixa, em cima de caixa.

Burro: Ninguém entende o bicho! Eu não sei porque! Posso ser burro, mas comigo vocês vão aprender! O bicho entende, entende muito bem! Os sentimentos do humano e demais ninguém. Essa história que irei lhes contar, aconteceu de verdade! Fala sobre uns bichos que foram cantar na cidade! Essa cidade era Bremen, e os bichos eram músicos!
 Com vocês; Os músicos de Bremen!

Burro tira da caixa palha e as joga no chão. Logo ele senta em cima dela e põe á comer.

Cena 2-----------------------------------------------------------------------------------------------------
Terras do velho fazendeiro Carúçu. Vemos palha no chão e o burro velho em cima, comendo a palha. Carúçu chega.

Carúçu: Seu burro velho! Só sabe comer da minha palha, beber da minha água, mas levar as minhas mercadorias para a cidade você não sabe! Está á dias com essa aparência de velho, sem levar meus milhos pro moinho!

Burro: Talvez seja porque eu já esteja velho, não é?!

Carúçu: E ainda fica ai resmungando igual á uma vaca pastando! A, me desculpa, pelo menos ela pasta!!! Eu só vou te dar mais uma chance! Amanhã, lá pelas oito, eu venho aqui te trazer dois pacotes de milho para você levar para moinho da cidade, caso não consiga levar, eu te vendo para um outro fazendeiro hein!

Carúçu sai.

Burro: Eu não consigo acreditar, só porque já estou velho, e milho não consigo levar, o velho Carúçu vai me vender! Eu tive uma idéia, amanhã quando ele vier me buscar, para floresta vou galopar! Já como estou bastante velho ninguém no meio do caminho irá em cima de mim montar! Mas eu não sei qual é o caminho para floresta! Então o que posso fazer? Já sei! Dormirei agora, e amanhã irei resolver!

O burro deita na palha e dorme. O velho Carúçu chega.

Carúçu: O burro velho são oito da manhã! Eu estou com os sacos aqui na minha mão! Agora é você quem faz o trabalho!

Burro: Eu não vou fazer trabalho nenhum!

Carúçu: Para de resmungar que eu não entendo nada que você fala seu burro velho! Agora pega logo esses sacos!

O burro começa a correr pelo palco.

Carúçu: Aonde você vai seu burro safado?

Burro: Eu vou para um lugar onde serei livre e solto, onde poderei cantar e dançar sem que ninguém me perturbe, eu vou para floresta grande!

Burro sai galopando.

Carúçu: Não adianta fugir, você está velho, eu vou te procurar e quando eu te encontrar, ai sim você vai querer fugir!

Carúçu sai e leva todo material de cena junto á ele. Assim entra Ernesto que coloca uma poltrona velha no meio do palco, um tapete á sua frente e um abajur do lado da poltrona.

Cena 2-----------------------------------------------------------------------------------------------------
Casa do caçador de raposas Ernesto. Ele está voltando para casa junto ao cachorro.

Ernest: De novo? Porque você é assim hein Dog? Todos os seus irmãos caçavam raposas como feras, e você parece que sente pena delas! Eu gosto de você só que eu caço raposas! Eu vivo disso! Aí você vê, tive que meter uma bala na raposa pra que ela morresse! Além de ser terrível matar um animal desse jeito, imagina, a mulher que vai fazer os casacos de raposa se deparar com um furo de rifle bem na pele da raposa! Ela vai deixar de compra pra mim!

Cachorro: Mas eu consigo caçar a raposa, eu só não mato porque dela irão fazer casaco!

Ernest: A minha única opção é arranjar um novo cachorro, dói fazer isso, mas é que eu não tenho como sustentar dois cães. Desculpe Dog, mas terei que lhe botar na rua.

Cachorro: Não! Não na rua não! Por favor, você não pode me expulsar de casa! Esse mundo é tão cruel, tão cheio de maldades! Eu não vivo sem um ossinho, o único osso que vou encontrar é de defunto! Sem uma águinha, a única água que vou ter é da chuva! Só terei um futuro desgraçado!

Enquanto o cachorro vai falando, Ernesto vai o empurrando até chegar na porta de casa, Ernesto sai.



Cena 3-----------------------------------------------------------------------------------------------------
O burro anda pela floresta e encontra o cachorro deitado no chão totalmente infeliz.

Burro: Parece que não sou o único infeliz nessa terra... O que foi cachorro? Por que está assim tão triste?

Cachorro: O meu dono me jogou para fora de casa só porque eu tenho pena de caçar raposas! Mas você também não está muito contente! O que houve com você?

Burro: A minha história é semelhante á sua!Só porque não consigo levar mais algumas mercadorias para o moinho da cidade o meu dono quer me vender! Agora eu não sei mais o que fazer!

Cachorro: Nossa, você pode estar fraco, mas tem uma voz e tanto!

Burro: Você também é bastante animado para um cachorro... Todos os que tinham na fazenda eram... Eram tão preguiçosos!

Cachorro: É porque você deve ter conhecido ou um inglês, ou um vira-lata... Eu não, eu sou um pastor alemão!

Burro: Já ouvir falar da sua raça! Protege ovelhas?

Cachorro: Mais ou menos...

Burro: Como assim? Mais ou menos?

Cachorro: Caço raposas...

Burro: Essas terríveis...

Cachorro: E como! Teve uma vez que corri tanto atrás de uma, que quando á peguei eu fiquei parado uns cinco minutos em cima dela... Descansando...

Burro: Então... O que faremos de nossas vidas?

Cachorro: Porque não vamos para a cidade?

Burro: Cidade? Nem pensar! Eu ouvi dizer que na cidade á um monte de casas onde moram um monte de animais... Eles ficam presos nessas casas!

Cachorro: Eu também ouvi dizer nessas casas... São casas de repouso... Para animais já idosos...

Burro: Mas eu sou velho!

Cachorro: Mas eles ficam lá porque pedem... Eles gostam... Sabe, são alguns animais que foram criados na cidade, e velhos vão para essas casas...
Burro: Entendi! Nossa hoje em dia o governo pensa em tudo!

Cachorro: Então... Vamos para a cidade?

Burro: Mas vamos fazer o que na cidade? Para casa de repouso eu não quero ir... Ainda!

Cachorro: Eu também não! Olha, eu ouvi dizer de um pássaro que foi tentar a sorte como músico na cidade, e se deu muito bem! Todos iam no show dele de tão bom que ele era! Todos iam vê-lo... Tanto que o apelidaram de “Bem-te-vi”!

Burro: Bem-te-vi?

Cachorro: É! Quando ele passava todos gritavam: Bem-te-vi!

Burro: Então está certo! Vamos tentar a sorte como músicos na cidade!

Cachorro: Vamos fazer uma dupla?

Burro: Uma dupla musical!

Cachorro: Vamos cantar na cidade!  

Cena 4-----------------------------------------------------------------------------------------------------
Casa de Francisca. Francisca esta com uma vassoura na mão caçando ratos pela casa, enquanto sua gata esta deitada na poltrona tomando um pires de leite.

Francisca: Ara bichana desgraçada! Enquanto eu caço os ratos você fica deitada em cima da minha poltrona tomando leite? Esse é o seu trabalho sua gata preguiçosa! Vive comendo minha comida, e dormindo na minha cama, e eu deixo enquanto durmo no sofá, mas isso já é demais! Eu vou é te afogar!

Música. A gata corre em círculos e Francisca corre atrás dela, a gata desfalca Francisca e sai da casa ás pressas.

Cena 5-----------------------------------------------------------------------------------------------------
O burro e o cachorro estão andando pela floresta e encontram a gata.

Burro: Olha! Outro bicho triste... Vou falar com ela!

Burro vai até a gata.

Burro: O que aconteceu? Porque está tão triste?

Gata: Como poderia estar alegre? Minha dona quer me matar só porque não caço mais ratos como na minha juventude!

Cachorro: Então você pode vir conosco! Vamos á cidade, fazer uma dupla animal!

Burro: Se vier conosco poderemos ser o trio animal!

Gata: Ou então o trio musical!

Cachorro: Também é uma boa opção!

Burro: Então, você vem conosco?

Gata: Desde que esse cachorro pare de olhar com uma cara de faminto para mim!

Cachorro: Desculpe!

Burro: Você sabe fazer algo de especial?

Gata: Eu... Eu sei pular... Sei... Sei... Sei fazer várias coisas!

Cachorro: Então ta bom! Ela sabe pular e fazer várias coisas!

Cena 6 ----------------------------------------------------------------------------------------------------
Mesa posta com vários pratos e talheres de luxo. Matilde anda de um lado para o outro.

Matilde: Ai meu Deus! Daqui a pouco chega o barão! O que eu faço para o jantar? Idéia tenha uma idéia, Matilde! Já sei! Vou fazer um pernil de frango!


Empregada: Não tem frango não, senhora...


Matilde: Mas tem um galo! Ele não vai perceber se fizer um pernil... de galo! É isso que eu vou fazer, O Godofredo já está bem gordinho, eu vou assá-lo e servi-lo no jantar! Godofredo! Godofredo! 

Matilde sai á procura do galo.

Cena 7 ----------------------------------------------------------------------------------------------------
Matilde entra no galinheiro e avista Godofredo. Vai até ele. Tenta levantá-lo, mas não consegue.

Matilde: Mas você está gordo mesmo, hein?!

Galo: Bondade sua! Mas me diga... Porque você está tentando me levantar?

Matilde: Vamos seu galo gordo! Eu to com pressa!

Galo: Qual é o problema?

Matilde: Se você não levantar eu vou ter que te assar aqui mesmo!

Galo: Assar??

Matilde: Acho que eu vou ter que pedir ajuda pra alguém!

Galo: Acho que eu vou ter que pedir ajuda pra alguém!

Matilde levanta a espingarda, mas o galo pula em cima dela. Som de tiro, barulho etc.
O galo é bastante gordo ele tenta correr pelo palco, mas é lento, enquanto ele corre ouve-se som de tiro.

Cena 8 ----------------------------------------------------------------------------------------------------
O galo está andando cansando pela floresta.

Galo: Que mulher maluca! Mas um pouco e viro almoço!

O cachorro, o burro e a gata chegam pelo outro lado do palco.

Cachorro: Alguém falou em almoço?

Galo (escondendo-se atrás do burro): Pelo que eu saiba cachorro não come galo!

Gata (escondendo-se atrás do burro também): Nem gata!

Cachorro: Na hora do aperto, come-se de tudo! Eee... Como gato sim! Mas agora que você está no grupo, vou fazer uma dieta á base de... A base de...

Galo: A base de que?

Cachorro: Não sei... A minha vida toda eu comia ração... Eu nem procurava saber do que era feito... A única coisa que eu sei é que cachorro como gato!

Gata: Então você está muito desinformado! Porque cachorro? Cachorro como qualquer coisa! Vai ver cachorro só come gato porque resolveram dar... (com nojo) espetinho de gato pra ele!

Cachorro: Não é verdade! Eu não como qualquer coisa!

Gata: Espaguete?

Cachorro: Só se for á alho e óleo!

Gata: Rosbife?

Cachorro: Hum... Delícia! Bota sal que fica esplendido!

Gata (bota o galo na frente): Galo?

Cachorro: No espeto!!!

Galo: Hei !!!

Cachorro: Desculpe!

Gata: Como você vê cachorros comem qualquer coisa!

Cachorro: Deve ser por isso que adoramos gatos!

Galo e Burro: IIhh!!

Gata: Como você ousa insultar a classe dos gatos dessa maneira?

Cachorro: Você disse, eu só complementei...

A gata dá um arranhão no cachorro. Som off de arranhão.

Cachorro: Você me arranhou?!

Cachorro prepara-se para mordê-la.

Burro: Briga jamais!

O burro da um coice na gata para afastá-la e ponha-se na frente dela. Leva a mordida por ela. Com o grande barulho e a grande confusão o galo cacareja (cocoricó).

Depois dessa grande confusão todos caem no palco exaustos.

O galo se levanta com um pouco de dificuldade.

Galo: Nossa que confusão, hein?!

O burro também se levanta.

Burro: Agora ficamos cansados! Desperdiçamos todo nosso talento nessa confusão!

Cachorro: Foi a gata quem começou!

Gata: Eu? Então agora a culpa é minha? Você insultou a minha espécie!

Burro: Já chega! Eu não quero saber quem começou ou que terminou! Eu só quero que vocês se acalmem e passem a se ajudar e a se respeitar como um grupo musical!

Galo: Você disse grupo musical?

A gata pronta para responder ao burro nem ouviu a pergunta do galo e continuou falando o ignorando.

Gata: Como nós podemos nos ajudar? Ele é o meu predador! Eu sou a presa!

Cachorro: Muito bem observado!

O burro e gata o olham estranho.

Burro: Isso não é desculpa!

Galo: Grupo musical?

Cachorro: Como isso não é desculpa? Era para ela já ter virado almoço! Se fosse um Dobermann...

Burro: Olha, onde eu vivia havia um porquinho muito esperto e sabido, um dia ele me contou uma história, eu irei lhes contar!
Lá no sul da Alemanha, em uma cidade bem pequenina chamada Kempten havia um leão!
Forte, robusto e grandalhão!
Todos o olhavam e o admiravam, todos os bichos o respeitavam!
Mas aí teve um dia, que o leão ficou com fome, era capaz de comer qualquer animal!
Na sua frente passou um ratinho e ele o segurou com uma cara de mau!
Ele disse ao pobre rato:
- Estou com muita fome! Almoçar você terei de fazer!
O pobre rato sem ter pra onde ir, pos se á dizer:
- Por favor, não me coma, tenho mulher e filhos pra criar! Deixe-me ir, que talvez um dia possa-lhe recompensar!
Achando muita graça do rato o leão caiu de rir! Mas sentindo pena do pobre, o forte, grandalhão deixou o pequeno ir.
Não demorou muito, e os caçadores acabaram com a festa! Procuravam pelo leão em toda floresta! Queriam fazer um casaco da pele do bicho! Depois o resto, iria tudo pro lixo!
Fizeram uma armadilha e conseguiram pegá-lo com uma rede bem forte, o rato que o leão poupou de matar acaba de passar por ali! Olha que sorte!
O rato percebendo no que havia acontecido pos se a roer a corda, conseguindo um resultado inesperado!
O rato conseguiu salvar o leão! Os dois se ajudaram, de irmão, pra irmão!

O cachorro, a gata e o galo se emocionam com a história contada pelo burro. Logo chorando, os três se abraçam.

Burro: Viu? Todos nós nos ajudamos se quisemos! Independente do lugar que ocupamos na cadeia alimentar!

Cachorro: O que é cadeia alimentar?

Burro: São os lugares que os animais ocupam na hora de comer...

Cachorro: Como assim?

Burro: Por exemplo: O leão come a zebra, que come o capim!

Cachorro: Agora eu entendi!

Galo: Desculpe interromper a aula, sábio burro, mas é que você disse em... Grupo musical?

Burro: Nós vamos cantar para os homens!

Cachorro: Vamos cantar musica latina (começa a cantar latindo na melodia de música mexicana)!

Galo (estranhando): É sério?

Burro e gata: Não!

Galo: Então que tipo de música vão cantar?

Burro: Todos os tipos de música! De axé á bossa nova!

Gata: De punk á disco music!

Cachorro: De latida á latina!

Galo: Posso me juntar á vocês?

Os três: Mas é claro que pode!

Gata: E você toca algum instrumento? Ou canta algum tipo de música especifica?

Galo: Eu sei cantar músicas religiosas como niguém!

Burro: É verdade?

Galo: É sim! Modéstia parte, eu canto muito bem a oração da manhã!

Burro: Então está feito! Você vem conosco!

Galo: Para onde?

Gata: Para a cidade grande!

Galo: Que maravilha!

Cachorro: Desculpa, mas é necessário irmos agora pra cidade grande?

Burro: Por que? Já desistiu, cachorro?

Cachorro: Claro que não! Serei o músico mais conhecido de Bremen! Mas é que estou com fome e cansado!

Galo: Eu também estou com um pouco de sede! A correria me deixou sedento!

Burro: Acho que devemos parar e descansar...

Gata: Está certo! Vamos descansar!

Galo: Tem uma árvore ali em frente... Vocês ficam deitados em baixo dela, e eu fico no alto, caso eu ache alguma coisa interessante eu aviso á vocês!

Burro: Então está certo!

Logo o burro e o cachorro ficam deitados em baixo da árvore, a gata fica trepada em um galho da árvore, já o galo fica no alto.

Eles descansam um pouco. O galo começa á voar em cima deles.

Galo: Acordem! Acordem! Avistei um casebre á poucos metros daqui!

Burro: Deve ter palha!

Gata: Lareira!

Galo: Água!

Cachorro: Comida!

Cena 9 ----------------------------------------------------------------------------------------------------
Casebre dos ladrões. Os quatro vão em direção ao casebre. Chegando lá eles vêem que tem quatro ladrões que comem e bebem dentro da casa. Sem querer fazer barulho eles espiam o que acontece do lado de fora. O burro fica de quatro no chão. O cachorro sobe em cima do burro, a gata fica em cima do cachorro e o galo fica no alto em cima da gata.

Ladrão 1 (contando o dinheiro): Desse jeito seremos os ladrões mais perigosos da Alemanha!

Ladrão 2: Os mais ricos!

Ladrão 3: Os mais temidos!

Ladrão 4: E os mais bonitos!

Ladrão 2: Bom, me desculpe essa observação fora de hora, mas é que eu estava pensando... Vocês não acham esse casebre um pouco assustador?

Ladrão 4: Assustador?

Ladrão 2: É... Eu acabo de ouvir um barulho lá fora e me dei conta de ter visto alguma coisa!

Ladrão 1: Acostume-se com isso! Eu prefiro viver em casebres assustadores, mas longe da polícia, do que viver trancado na cadeia!

Ladrão 3: Eu também!

Ladrão 2: Tudo bem então... Mas depois... Não digam que eu não avisei!


Cena 10 ---------------------------------------------------------------------------------------------------
Os quatro bichos do lado de fora da casa ficam surpresos com o que está acontecendo.

Burro: São ladrões!

Cachorro: Vamos lá dar um surra neles!

Gata: Ficou maluco? Se aparecermos lá do nada que apanhamos somos nós!

Galo: Como faremos pra expulsar esses foras da lei dessa casa?

Burro: Eu tive uma idéia! Porque não usamos a nossa música?

Cachorro: Como assim?

Gata: A nossa música, de tão boa que é vai deixá-los mais à vontade em casa!

Burro: Mas se são mesmo ladrões vão querer ganhar algum dinheiro em cima da gente! Eles vão chamar mais homens, e enquanto isso nós ficamos aqui nesse casebre descansando, quando chegarem de volta com outras pessoas, nós fazemos um show e pronto! Eles irão nos levar pra cidade!

Cachorro: Como eu não pensei nisso antes?

Gata: Você não pensa nunca!

Cachorro: Claro que penso! To pensando agora!

Burro: O que eu falei pra vocês? Tentei se dar bem! Assim não poderemos trabalhar juntos!

Gata: Desculpa... Mas foi ele quem começou!

Cachorro: Hei! Foi você!

Burro: Eu já disse pra vocês ficarem quietos! Então gente, o plano é o seguinte:

O burro começa a falar com o cachorro a galinha e a gata.

Cena 11 ---------------------------------------------------------------------------------------------------
Dentro do casebre os ladrões continuam contando o dinheiro.

Cena 12 ---------------------------------------------------------------------------------------------------
Fora do casebre os quatro conversam sobre o plano.

Burro: Então galo, você já sabe o que fazer! Apague todas as luzes e traga só o lampião. Assim botaremos o lampião no chão e foco estará só na gente!

O galo concorda com a cabeça e vai.

Burro: Cachorro pegue um lençol bem grosso para fazer a cortina, assim nós á abriremos e começaremos á cantar!

O cachorro vai pegar o lençol.

Burro: Gata você vem comigo!

Cena 13 ---------------------------------------------------------------------------------------------------
Dentro da casa. Os ladrões continuam contando dinheiro, até quando numa parte apagada da casa começa uma movimentação com lençol. O ladrão 2 percebe essa movimentação.

Ladrão 2: Ai meu Deus! Acho que vi alguma coisa!

Ladrão 1: De novo com essa história?

Ladrão 4: Isso já está ficando chato.

Mais uma vez acontece essa movimentação, porém dessa vez o ladrão 2 e o ladrão 3 percebem.

Ladrão 2: Dessa vez vocês viram não é?

Ladrão 1: O quê?

Ladrão 3: Eu também vi! É verdade!

Ladrão 4: O que vocês viram?

Ladrão 2 e 3: Um fantasma!

Ladrão 1: Onde vocês viram?

Ladrão 3: Bem ali (aponta para o canto da casa)!

Nesse momento o lençol esta cobrindo uma cadeira. Nada se meche.

Ladrão 4: É só um lençol cobrindo uma cadeira!

Todos voltam á contar dinheiro.

Cena 14 ---------------------------------------------------------------------------------------------------
Dentro da casa. No canto escuro, em silêncio, os animais tentam se preparar o “show”.
O cachorro tenta botar o lençol no teto, o galo esta trazendo o lampião e o burro e a gata estão limpando o chão.

Burro: Tem que ser em silêncio! Para não estragar a surpresa! Cachorro, como vai o lençol ai em cima?

Cachorro: O lençol é muito pesado... Não consigo levantar direito!

Burro: Quer ajuda?

Cachorro: Acho que vou aceitar uma “mãozinha”!

Burro: Ótimo! Gata vá ajudá-lo!

Gata: Eu?

Burro: Sim você! Vá logo! Sem reclamar!

A gata sobe para ajudar o cachorro, eles conseguem botar o lençol só que fica um pouco torto.

Burro: Ficou ótimo! Agora cadê o galo com o lampião?

Galo aparece com o lampião na boca.

Galo: Estou aqui! E o lampião está aqui também!

Burro: Ótimo! Agora, Galo, segure o lampião para fazer luz, e vamos ficar bem juntinhos para que eles possam enxergar á todos!
Todos se juntam e fazem o que o burro mandou.

Burro: Quando eu falar já começaremos á cantar! Um, dois, três e Já!

No já, o lençol cai em cima deles, fazendo como se fossem fantasmas, a luz do lampião continua acesa dentro do lençol, e eles começam á fazer uma música que é um desastre. Os ladrões olham e começam á ficar apavorados.

Ladrão 2: Eu falei que era um...

Os quatro ladrões: FANTASMA!!! 

Cena 15 ---------------------------------------------------------------------------------------------------
Os quatro ladrões saem correndo do casebre. Nisso, os animais conseguem sair do lençol.

Burro: Conseguimos! Agora eles vão chamar os outros homens!

Cachorro: Isso é ótimo! Alguém ouviu o que eles falaram antes de chamar os homens?

Galo: Acho que eles falaram... Fantástico!

Cachorro: Foi o que eu pensei!

Gata: Fantástico! Olha só: é fantástico!

Burro: Muito boa essa letra! Bom, já trabalhamos demais por hoje! Vamos aproveitar, comer e descansar! Eu vou para o quintal, beber uma água e me deitar na palha!

Gata: Vou pegar leite na cozinha... Vou dormir por lá mesmo!

Galo: Vou ficar no telhado... Descansando!

Cachorro: E eu vou me deitar perto da porta dos fundos... Depois de comer!

As luzes se apagam.

Cena 16 ---------------------------------------------------------------------------------------------------
Estão todos dormindo do lado de dentro da casa. No lado de fora os ladrões conversam.

Ladrão 1: Não sei como fomos tão idiotas á ponto de deixar todo aquele dinheiro dentro da casa! Eu não vou perder esse dinheiro!

Ladrão 2: Mas tem um fantasma dentro da casa!


Ladrão 4: Ele já deve ter ido embora... Eu nem vejo mais a luz!

Ladrão 3: Mas em todo caso, acho que seria bom três de nós ficarmos aqui para guardar e proteger quem for pegar o dinheiro!

Ladrão 1: Muito bem pensado! E então... Quem vai pegar o dinheiro?

Todos olham para o ladrão 2.

Ladrão 2: Eu?

Ladrão 4: Se você for pegar o dinheiro, você pode ficar com um quarto do dinheiro!

Ladrão 2: Então eu vou!

Ladrão 3: Pega uma vela na cozinha para iluminar a casa!

Cena 17 ---------------------------------------------------------------------------------------------------
O ladrão 2 entra na casa e vai pra cozinha pegar a vela. Chegando lá ele pega a vela, e vai acendê-la ns olhos da gata, que como estavam brilhando, ele achou que fosse fogo.
A gata toma um susto, arranha e cospe no ladrão. O ladrão vai correndo para a porta
dos fundos, mas sem querer pisa no rabo do cão, que lhe morde a perna. Pulando com um pé só ele vai pro quintal. O burro acorda com o barulho e dá um coice no ladrão. O galo acorda com o barulho e canta bem alto: “Cocorocó”!!!

O ladrão 2 vai correndo para fora da casa onde encontra os outros.

Ladrão 1: Ué?! Onde está o dinheiro?!

Ladrão 2 (ofegante): Lá dentro há uma horrível bruxa que me arranhou com suas garras e cuspiu-me no rosto! Perto da porta, há um homem que me passou um canivete na perna! No quintal, há um monstro escuro, que me bateu com uma tranca de pau. Além disso tudo, no telhado está sentado um juiz, que gritou bem alto: “Traga aqui o patife”! Acho que devemos esquecer o dinheiro!

Os ladrões concordam e saem correndo da floresta.

Cena 18 ---------------------------------------------------------------------------------------------------
Os bichos acordam e se encontram na sala.

Burro: Eu tive um sonho tão esquisito!

Gata: Eu também tive um sonho esquisito!

Cachorro: Eu sonhei com comida!

Galo: Eu tive um sonho esquisito também!
Burro: Agora que já estamos descansados, vamos á cantar ba cidade!

Cena 19 ---------------------------------------------------------------------------------------------------
Agora o cenário é um painel pintado com diversas casas como se fosse Bremen.
Os quatro juntos para a frente do palco.

Burro: Ai está! Uma história bonita e real! Porque igual ao bicho não tem ser mais real!

Cachorro: Fomos cantar na cidade! Ganhar a vida como músicos, e tentar a felicidade!

Gata: Porque todo bicho é especial, um companheiro ideal!

Galo: Pode ser galo, cachorro, burro ou gato, pode ser caro, ou pode ser barato...

Burro: Mas essa história vale á pena ver!

Cachorro: Ver pra crer!

Gata: Vale a pena acreditar!

Galo: Acreditar e cantar com ...

OS QUATRO: OS MÚSICOS DE BREMEN!

FIM. 


por alberto szafran


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o vôo da realidade (2006)

O VÔO DA REALIDADE
Alberto Szafran


Tentamos dobrar a realidade como se fosse um papel.
E dela fazer um avião, para que voe no céu.
Um céu repleto de sujeira e fumaça
Que quando o avião passa por ela, se esgarça.
           
Esse avião é lindo, pois é feito de sonhos e desejos.
Tudo que ali está é bonito, como abraços e beijos.
Esse avião é moderno, passa por toda a cidade.
Mostra que sonhos e desejos, são feitos de felicidade.

Felicidade, essa, que não se suja com esse céu, como o avião,
Nele eu pego carona, com meus amigos, e enfatizo a união.
Mesmo sujo de maldades, desse vôo imundo.
Existe um banho ao qual tiro as impurezas desse céu vagabundo.

E como sempre, mais uma vez aqui estou,
Tentando traçar uma nova rota para este curto vôo.
Esse avião não é desconhecido, ele tem um nome. E é realidade.
Mas quem sabe um dia, ele não desembarca no tal aeroporto, da felicidade?




por alberto szafran




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sábado, 13 de novembro de 2010

artigo 5 - adorável mundo capitalista.

Época de eleições é unica. Não só para os candidatos mas obviamente, para os eleitores também. Eu, como eleitor, aproveito a oportunidade para pesquisar não só o passado e as propostas daqueles que pretendo depositar meu voto, mas também os seus ideais e suas alianças. E infelizmente (ou felizmente) para mim, os ideais valem tanto quanto os primeiros critérios. Essa eleição foi difícil para decidir meu voto por que fiquei exatamente em dúvida sobre qual desses quesitos deveria prevalecer: o "melhor" passado ou a "melhor" ideologia. Fiquei com a ideologia.
Não depositei o meu voto em deputados que costumo elogiar por suas atuações na ALERJ, como o deputado Marcelo Freixo ou a deputada Cidinha Campos, simplesmente por estes serem de frente socialista. E o problema, eu explico agora. O Socialismo como teoria é fantástico. Prima pela organização, pela igualdade social e de oportunidades e pela liderança do povo, pelo povo, para o povo. Acontece que na prática, não é assim que ele funciona. Acredito que quando os primeiros pensadores revolucionários Karl Marx e Lênin esporam suas idéias, eles não tinham em mente que absolutamente TODOS os países que seguissem doutrinas socialistas viveriam em ditaduras militares. União Soviética, China, Cuba, Venezuela, entre outros países são exemplos perfeitos do que estou falando. O que era para ser uma organização baseada na igualdade acaba se tornando, uma ditadura com níveis absurdos de hierarquia e de governo, onde a população dificilmente têm acesso aos seus governantes e quase sempre medo das atitudes que os mesmos possam tomar em relação alguém que se opunha à eles. Não acredito que os deputados que citei acima tenham alguma relação com esse tipo de política e sei que são valorosos cidadãos, mas vestir a camisa de um estilo utópico de governo é algo que não me agrada, até pela velocidade em que andam as economias internacionais.
Vestir a camisa socialista, hoje, é dizer para os países que estão caminhando pra frente, o seguinte: "Oi?! Olha só, eu vou retroceder uns cento e cinquenta anos, mas depois eu vejo se consigo voltar!" Um país que quer progredir não pode adotar um pensamento socialista. E quando eu digo adotar, eu digo adotar mesmo, e não se esconder atrás de uma bandeira vermelha para angaria votos da esquerda e fazer totalmente diferente quando começa a governar. Hoje somos governados por um partido de esquerda, mas que felizmente toma atitudes de direita. E é isso que o nosso país precisa. Capitalismo. O ser humano é capital por natureza. Mesmo quando não tem dinheiro. E essa é a ordem natural das coisas. O consumo. Sim, eu defendo o consumo com unhas e dentes. Cada vez que nós compramos um produto ajudamos na economia tanto local quanto mundial. Sem citar a satisfação de possuir alguma coisa. O capitalismo gera a competição, fator extremamente importante para uma educação de qualidade. Hoje é quase inadmissível se conseguir um bom emprego sem saber falar inglês. Agora, você acha que a cinquenta anos atrás era assim? Não. Mas se você for a Rússia, país que parou politicamente no tempo com o comunismo por mais de cinquenta anos, a maioria da população não fala inglês. A China também. Coréia do Norte então, sem comentários. Não que seja um absurdo não ser poliglota, mas nós abrimos as portas para o capitalismo e nesse aspecto estamos á frente desses respectivos países. Portanto quero deixar claro, que dentro dos partidos socialistas, existem nomes valorosos, alguns até mais do que outros partidos de direita, mas adotar um ideal que parou no tempo significa regressão. E é por viver nesse "adorável mundo capitalista" que hoje eu posso escrever esse tipo de artigo, e você pode ler.


por alberto szafran.


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artigo 4 - a fonte da internet.

Não tire suas conclusões pelo que lê na internet. Leia jornal. Na internet você vai encontrar apenas a opinião de outras pessoas que às vezes, nem tem tanta experiência como você.
Passei nessa semana por uma situação um tanto peculiar; ouvi de um professor absoluto de certeza, dizer que o presidente Bush entrou no poder simplesmente para colocar o atentado de 11 de Setembro em prática. Ao ouvir tal declaração em uma sala de aula fiquei abismado e resolvi me prontificar a saber qual era a fonte do tal professor, até porque se isso realmente procedesse, eu seria a primeira pessoa a perguntar por que a justiça não havia sido feita. "A, foi de um documentário que vi na internet." Fiquei abismado. Como que um professor (de Física aliás, matéria que não tem NADA a ver com o assunto) atribui a responsabilidade de um atentado terrorista ao presidente dos Estados Unidos e veicula todo o acontecimento com a comunidade judaica?
A ignorância foi tão profunda que perguntei se ele sabia quem é Mahmud Ahmadinejad (ditador do Irã que financia o terrorismo abertamente). E ele disse que não. Ou seja, só sabe o que lhe convém. As acusações ao Bush ele sabe, mas não sabe nada sobre o homem que possui o mesmo discurso que ele sobre o assunto, financia o Hamás e Heszbollah, desenvolve armas nucleares sem a autorização da ONU, não reconhece o estado de Israel (declarando morte ao mesmo) e possui sérias acusações de fraude durante as eleições. Esse homem que fez um pronunciamento dizendo as mesmas coisas que meu professor de física falou, fez com que delegações de diversos países do mundo deixassem o plenário. Não teve nem a atitude de procurar saber como é o outro lado da moeda. Eu indico a todos que pensam que o 11 de Setembro é uma fraude lerem a autobiografia de Bush. Mesmo que ao final da leitura continuem com a mesma opinião, podem dizer no final: "eu li o livro do Bush e vi o documentário da internet, fico com o documentário da internet." Assim passa mais credibilidade para os seus ouvintes. Ainda mais se for um professor. Fica a dica.
E pra finalizar, me desculpem os termos vulgares, mas certas pessoas enchem a boca pra falar o que não sabem, procuram justificativas vazias, obsoletas, falhas e IMPROVÁVEIS esperam, de tal modo, que o resto da humanidade siga seus pensamentos. Prefiro acreditar que alguns seres humanos invejam os americanos por viverem em um país tão bem sucedido, do que acreditar realmente que certos seres humanos tenha ódio por seus semelhantes.


por alberto szafran.


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artigo 3 - o plebiscito da maconha.

"O Plebiscito da Maconha". Acho que nunca ouvi uma barbaridade tão grande como essa. Primeiro que esse é um caso tão complexo que vai além do entendimento de uma população. Segundo, ao contrário do que os maconheiros gostam de defender, maconha é um mau que faz a sua saúde sim, mas é claro, eu acredito que você deve fazer com o seu corpo o que bem entender, porém ao transformar isso em um julgamento público você deixa que outras pessoas interfiram no seu cotidiano e no seu bem-estar. Se por acaso a maconha seja legalizada no estado da Califórnia, o caos definitivamente tomará conta da ordem. Como uma questão econômica a medida é extremamente eficaz, mas como questão política, é um fiasco. Me pergunto como que os traficantes de drogas do estados vizinhos (Nevada, Arizona e Oregon) vão fazer para ganhar a vida. Ir para as ruas, entrar dentro de casas e matar os moradores em troca de jóias? Assaltar carros e assassinar seus motoristas que conseguiram identificar seus rostos ? Um governo tem que se destacar não pelo bem que faz ao seu estado, mais ainda, pelo bem que faz ao estado perante um país. Perante uma sociedade. Isso porque eu não entro no mérito "trabalho". Agora imagina você, quem dá uma pausa nas suas tarefas para ao invés de fumar um cigarro, puxar um baseado?
"Logo você que defende tanto os Estados Unidos?" Sim. Defendo principalmente como uma potência política. E ao fazer isso o estado da Califórnia fez uma jogada política incrível; no país o voto não é obrigatório, mas votar ao favor ou contra a maconha, acredito que grande parte do eleitorado do estado foi às urnas. Correu o risco, mas se superaram politicamente.
O problema é que muitas pessoas acreditam que moram em um lugar como Amsterdã e a ordem pública procede. O que é um equívoco gigantesco. A Holanda é um país extremamente organizado e bem estruturado onde pessoas não param de trabalhar para fumar um "beck" diferente do Brasil, onde as pessoas também não param de trabalhar, elas fumam enquanto trabalham. Sem falar que a Holanda por si só é um país contraditório, porque libera o sexo ao ar livre nas praças de Amsterdã, mas proíbe que se fume cigarro nos locais públicos. Ou seja, o seu filho, irmão ou neto de dez anos, podem ver duas pessoas transando em cima de um banco de praça, mas não pode ver um homem fumando ao andar na rua. As pessoas que tomam a Holanda como exemplo de país pra se viver (Na PUC por exemplo tem um monte de estudante que toma), se esquece de mencionar essas coisas.
Não concordo com a liberação da maconha em um lugar nenhum do mundo.  Nem como uso pessoal, nem como comercial e nem como remédio. E quando me perguntam "o que fazer então com os traficantes" eu respondo "pergunte à polícia, porque afinal de contas, além desse ser o trabalho deles, eu pago uma fortuna de imposto para que eles o façam direito."


por alberto szafran.


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