contos (9)

hoax.

O telefone toca. Ele se levanta ao poucos para atender. A poltrona amassada, o terno mais ainda. Ele continua tocando. Cruza a sala. O atende. Silêncio absoluto . A caneta rola sobre os papéis da escrivaninha de mármore á esquerda. Ele bate o telefone com força. Vai até a escrivaninha. Abre a terceira gaveta e retira uma pistola de calibre trinta e oito. Verifica a quantidade das balas. A munição corresponde estalando ao ser introduzida no apetrecho mortal. Ele repousa a arma sobre o seu colo. Volta a dormir na poltrona.
Dez minutos.
O telefone toca novamente. Em um pulo brusco para frente ele joga o seu corpo na direção do aparelho e descarrega os seis tiros certeiros sobre o mesmo. 
Ao terminar ele joga a arma no canto e repousa mais uma vez sobre a poltrona. Em um suspiro aliviado, ele rosna:
"Mais um trote e esses tiros iam parar dentro da minha cabeça..."



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19:16
Ele corria todo dia do trabalho para a sua casa. Mas corria mesmo. Morava relativamente perto do serviço, umas três quadras. Largava no restaurante exatamente ás 19:00 e 19:07 já chegava em sua residência.
    Assim que entrava em casa ele tirava a camisa e a jogava em cima de sofá logo a direita da porta. Ia direto pra cozinha, tirava a pipoca amanteigada do armário que comprara na mesma manhã, colocava no microondas e apagava a luz. Pegava a Coca na geladeira e a colocava ao lado da poltrona em frente a sala. Tudo pronto. O telescópio entre a poltrona e a janela. O microondas apitava denunciando a pipoca que ficava pronta. Já ligado na janela do prédio logo a frente, ele despejava a pipoca do saco uma vasilha de plástico acima do fogão quatro bocas. Trazia para a poltrona, colocava sobre o seu colo e a Coca-Cola entre a coxa esquerda e o braço do assento que a equilibrava. Tudo apagado. Extremamente imperceptível. Eram exatamente 19:16. Ela chegava em casa. Chegava em torno dessa hora sempre, entre 19:15 e 19:20. Ela não fazia absolutamente nada demais. Entrava em casa, apanhava a correspondência no chão, deixava a bolsa sobre a mesa e entrava em seu quarto. Pronto. A mágica acabava. Isso era questão de minutos, as vezes nem isso. Mas só isso o deixava louco.
    Essa cena se repetira várias vezes. Até que um dia, ela simplesmente não apareceu. Ele a esperara até 19:40 e ela não estava lá. Ele foi caindo em uma angústia profunda. Perguntas impertinentes circundavam os seus raciocínios até que... Ele escutou um barulho estranho atrás da poltrona. Como se fosse alguém, mastigando pipoca. Rapidamente ele olhou para trás e a viu, comendo pipoca, com um pequeno binóculos de bolso o observando. Ela contemplou-o com um sorriso. Ele vermelho de vergonha. Ela joga o binóculos sobre a mesa. Fecha o sorriso totalmente e o encara por alguns segundos. Ele esperava alguma bronca ou algum deboche. Ela se levantou, foi até ele e soltou:
- Quer pipoca?!


por alberto szafran.


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o senhor dos rodoanéis.
"O Rodoanel Mário Covas (SP-21), também conhecido como Rodoanel Metropolitano de São Paulo ou simplesmente Rodoanel é uma auto-estrada de 177 quilometros, duas pistas e seis faixas de rodagem que está sendo construída em torno do centro da Região Metropolitana de São Paulo, na tentativa de aliviar o intenso tráfego de caminhões oriundos do norte e sul do Brasil e que hoje cruzam as duas vias urbanas marginais da cidade (Pinheiros e Tietê), cujo reflexo no tráfego vem provocando uma grave situação de congestionamentos." - Wikipédia.

13 de Agosto de 2010. Zafira prata 2009. Claúdia e Marcos estão na via SP-21 com destino a Ubatuba. Aproveitando a mais nova aquisição rodoviária de São Paulo, ambos estão felizes por não ter que curzar a cidade mais congestionada do país para ter que passar um final de semana em sua casa de veraneio. São 19:40 da noite e a estrada, por incrivel que pareça, está vazia. Se amando muito, os dois passa vinte minutos na rodovia expressa. Só 20 minutos. Eis que surge uma viatura policial á sua traseira. Eles sem entender muito a situação vão em direção ao mais próximo acostamento. Param o carro. Sai de dentro da viatura, mais atrás, dois policiais. Um, perto da guarnição o outro, claro, vai falar com o...
- E aí chefia? - Diz o policial com um sorriso no rosto.
- Qual o problema seu guarda? - Pergunta Marcos ao volante um tanto intimidade.
- Calma rapaz... Só vim conversar com você. Tem problema? Se tiver eu entro na viatura e vou embora!
- Não, não. Por favor, em que posso ajudá-lo? - Pergunta Marcos já sacando qual era a intenção do guarda.
- O problema é que o meu companheiro ali, cabo Inácio (aponta pro cabo mais atrás) acha que tem alguma irregularidade no carro de vocês, eu disse que não, mas ele disse que tinha. Então, pra não contrariar o companheiro ali, eu resolvi parar, só pra saber se estava tudo em ordem. - Explica o guarda.
- Tudo bem? O que eu preciso fazer então?
- Primeiro eu queria algumas respostas. Pode ser?
- Claro.
- Pra onde vocês estão indo?
- Pra nossa casa de veraneio. Em Ubatuba.
- Vocês são casados?
- Noivos. - Diz Claudia no banco do carona.
- Entendi. Isso explica o anel na mão direita dela. Quantos você tem querido?
- 27.
- Perfeito. E vem cá querido, tem alguma coisa no seu carro que não deveria estar no seu carro?
- Não. De forma alguma.
- Se importa se o meu companheiro averiguar a sua mala?
- Não.
Mal Marcos respondeu e o cabo Inácio já abria a sua mala.
- Não falei? i quilo de maconha!
- Como é que é? - Diz Marcos assustado, já saindo do carro.
- Isso mesmo que você ouviu. Um quilo de maconha! - Diz cabo Inácio jogando a droga no chão, a frente de Marcos.
- Mas isso não é meu! Eu nem fumo!
- Que absurdo! - Esbraveja Claudia aterroriazada, saindo do veículo também.
- Um quilo não é nem papo de usuário, é papo de traficante! - Diz o guarda.
- Isso não é não tava no meu carro! - Diz Marcos.
- O senhor está querendo insunuar que eu implantei a drgoa no seu porta-malas? Eu?? Um policial honesto, íntegro, responsável por essa rodovia, um verdadeiro senhor do rodoanel? - Pergunta cabo Inácio com a mão na pistola localizada na cintura.
- Não, que isso! Eu estou querendo me explicar! - Tenta se redimir Marcos.
- Calma amor. Ficar aqui discutindo com eles não vai resolver. - Diz a noiva.
- Eu também acho. - Diz o guarda.
- Então? Como a gente pode resolver isso? - Pergunta Claudia.
- O anel. - diz o cabo Inácio.
- Que anel? - Pergunta Marcos.
- O que você deu de noivado pra sua mulher. Sabe... Eu também to querendo pedir a minha namorada em noivado...
- Você tá maluco! - Grita Marcos.
- Calma amor. - diz Claudia retirando o anel da mão. - Deixa eles irem. - E entrega aos guardas, que nem agradessem e vão se retirando.
- Eu não acredito que você fez isso! - Diz Marcos.
- Calma amor. Ainda temos a maconha. - Diz Claudia.
- E daí? Essa maconha não é nossa Claudia! A gente nem fuma.
- Ah amor... Um quilo muita coisa... A gente pode vender.... - Diz Claudia.
Marcos pega a maconha do chão, e vai embora. Em direção a Ubatuba.


por alberto szafran.


Mizída se matriculou no Yoga acreditando seria a solução de seus problemas de stress. Sempre submetida a horas exaustivas na firma, viu nessa aula a oportunidade para expantar o mau-humor e adotar a legendária frase: "no stress".
Yoga: a arte milenar capaz de solucionar os seus problemas com calma e ponderação.
Talvez Mizídia aprendesse nessas aulas a ganhar muito dinheiro fácil. Ela jurava que a falta de dinheiro era a causa de seus problemas e que todos que faziam yogaseram ricos, segundo ela você nunca verá um mendigo meditando, se claro, ele não estiver defecando (palavras dela, não minhas).
E Mizídia foi assistir a essa aula. Sentou-se no chão da praça Juscelino Kubitschek e aguardou sobre a sua kanga estendida. A aula estava marcada para começar ás 16 horas. Segundo o folheto: "A hora que os astros começam a se alinhar para o espetáculo do pôr-do-sol. Eram 16:07 e ninguém. Tudo bem. Gente rica atrasa. Mas a professora? Meio incomum. Poderia ser um dia atípico. Mizídia pensou em ser horário de verão, mas estávamos em meados de julho, inverno no Rio de Janeiro.
16:24. As pessoas passavam e seguravam o riso. Algumas olhavam com curiosidade e outras, mais apressadas, nem tanto. E o lugar? Pleno centro da cidade. Muito movimentado. Não tinha muita cara de aula de yoga, aliás, não tinha muita cara de gente rica.
Então algo surgu na cabeça de Mizídia que ela foi a sua bolsa procurar o panfleto que achava no balcão da firma: AULA DE YOGA - SÁBADO - 16:00 (hora que os astros...) - PRAÇA GETÚLIO VARGAS
- Puta que pariu! Errei o presidente! - Gritou Mizídia como se a culpa de Lula estar no poder fosse dela. Jogou a kanga dentro da bolsa e saiu correndo em busca de um táxi para Ipanema. Nem tinha começado a aula e Mizídia já estava puta. Chegou na praça eram 16:43. Estendeu a kanga sobre o gramado e sentou-se conforme todas as outras estavam sentadas.
De olhos fechados e concentrada, a professora, ao perceber a chegada alarmante de Mizídia soltou: "Está atrasada. 43 minutos para ser mais precisa." A vontade de Mizída já era socar a cara da professora, mas se segurou e simplesmente pediu desculpas. Olhou para a coleguinha que meditava ao lado e sussurrou: "Aposto que ela não é japonesa!" cochicha Mizídia a respeito da instrutora que lhe camava atenção pelo atraso.
- Não é mesmo. - Disse a coleguinha. - Ela é indiana. - Fechando os olhos novamente.
- Vamos "inspirar e puxar". Bem lentamente! Vamos respirar direito. - Instruiu a professora indiana. Foi nesse momento que Mizídia soltou uma rápida gargalhada de deboche. Todos olharam para ela.
- Perdão? - Disse a intrutora. - Disse algo engraçado? - Indagando Mizídia.
- Não professora. É que voê falou "vamos respirar direito!"
- Sim. E daí?
- E daí que se pra respirar direitoa gente precisa respirar e soltar tão profundamente, eu cho que a gente só respira direito ás 16 horas de sábado! - Completou Mizídia.
Todas continuaram a lhe encarar.
-Oi?! - Perguntou a professora.
- Ninguém respira assim sempre. Ou a pessoa respira assim ou vive, come, dorme, trabalha. E se assim é respirar direito então estamos todos morrendo. Inclusive a senhora.
A professora começou a respirar profundamente.
- Eu respiro assim sempre! - Gritou uma madamena primeira fila.
- Vai ver é porque você vive ás custas do seu marido e passa o dia inteiro respirando e bufando! - Disse Mizídia já nervosa.
- Vamos (respirando) manter (soltando) o nível (respirando) aqui (soltando). - Fazia a professora.
Mizídia se senta novamente sobre a sua kanga e retoma a posição do yoga.
- Quer saber? - Levanta Mizída imediatamente. - Eu quero mais é que vocês se explodam! - Mizídia começa a arrumar suas coisas.
- Nossa! Mas a senhora está muito extressada... - - Disse a professora. Foi aí que Mizídia voôu em cima do seu pescoço. As madames vão apartar a briga e acabam jogando Mizídia longe, que com classe se levanta e finaliza olhando no fundo dos olhos da instrutora indiana:
- E quer saber? Existem mais de trilhões de astros no universo e eles nunca estarão alinhados! Suas burras!
Mizídia pega a sua kanga do gramado, a sua bolsa e dá as costas para as madames de Ipanema.
- Já chega!... Vou fazer yoga no meu wii.! - Sussurra Mizídia, comteplando o pôr-do-sol, ao fundo da praça Getúlio Vargas.



por alberto szafran.

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noite feliz.
A grande maioria dos autores (para não dizer todos), gosta de escrever sobre o natal somente na época do natal. Tudo é descrito com muita alegria e sutileza: "o peru delicioso, a nóz crocante e o vinho divino". Porém a maior desventura pode vir a acontecer até em uma ceia de natal onde a família está reunida. Aliás, as maiores merdas acontecem quando a família está, de fato, reunida. E para evitar ser chamado de heréges, anticristo, filho do demo ou seja lá o que for, prefiro relatar essa fatídica desventura de uma noite feliz, agora. Em pleno mês de agosto.
Acontece que toda família estava reunida em volta da mesa, comemorando o natal. O pai, a mãe, o filho mais velho de vinte um, o do meio de dezessete e a mais nova de quatorze. Estavam também o avô e avó, pais da mãe. A família era tão evangélica que deixaram um lugar na ponta para o nosso senhor Jesus Cristo (vai ver ele quem iria pagar a conta!). Estava um clima legal. Não era a coisa mais animada do mundo, mas também não era a "Santa Ceia". O pai conversava com a avó alguma coisa sobre vinhos e havia um pequeno burburinho no ambiente.
"Me passa um pedaço de tender?" - Pede o avô gentilmente com o prato estendido sobre a tigela de arroz. A menor, viu nessa indgação a oportunidade:
"O Caio é gay!" - Imediatamente ela leva as duas mãos a boca e todos ficam em absoluto silêncio, exceto o avô continua com a mão estendida segurando o prato, sobre a tigela de arroz. Todos encaram o filho do meio, Caio, que encara a amais nova com uma certa feição indiscritível.
"Como é que é?" - Pergunta Caiohorrorizado.
"Desculpa Caio, saiu." - Tenta se desculpar a menor, morrendo de vergonha da situação que causara.
"Mãe..." - Caio se vira imadiatamente pra mãe que logo coloca a mão sobre o ombro do filho.
"Tudo bem meu filho, tudo bem. Eu já sabia."
"Mas..." - Quando Caio tentava completar é intorrompido pela explosão do pai:
"Você já sabia?! Você já sabia e não me disse nada?!"
"Esse tender está mesmo delicioso!" - Completa o avô.
"Pai..." - Tenta Caio.
"Você cale a boca!" - Grita o pai estarrecido"Vá direto pro seu quarto que eu vou ter uma conversinha com você!
"Você não vai machucá-lo!" - Grita a avó.
"Não se meta na educação que eu dou aos meus filhos!" - Responde o pai de pé e furioso. - "Tá esperando o que? Que eu te arraste pelos cabelos?"
"Mas pai, eu não..."
"CALA A BOCA MOLEQUE! PEDERASTA!
"Calma amor, deixa ele falar! - Suplica a mãe desesperada.
"Falara o que? As aventuras sexuais e avida indigesta que ele leva? Eu já devia suspeitar! Viagem pra lá, dormir em casa de amigo pra cá!"
"Desculpa Caio..." - Tentava a X9 menor quietinha.
"Bota mais dois pedaços de tender pra mim?" - Pediu o gentil vovô com o prato no mão.
"Pai..." - Tentava Caio novamente.
"Eu não quero ouvir você!" - Gritava o pai com as mãos nos ouvidos.
"Escute ele!" - Implorava a mãe aos prantos.
"Eu não quero!" Gritava o pai com as mãos nos ouvidos e se balançando desse vez.
"Bota mais dois pedaços de tender pra mim?" - Pedia o velho faminto.
"Pai..." - Tentava Caio pela última vez.
"Não!" - Esperneava o pai.
"Pai, EU NÃO SOU GAY!" - Finalmente o menor consiguira.
Silêncio absoluto.
"Eu sou."
Rodos se viravam para o mais velho.
"A deixa que eu pego!" - Proclama o impaciente vovô, levando o garfo até o prato do tender.
Volta a confusão.
"E querem saber do que mais? Não precisa me mandar pro quarto não! Eu vou embora! - Sai a bichinha puta da vida.
"Como assim vai embora?" - Levanta o pai - "Pra onde você vai?" - Sai atrás gritando que nem um degenerado.
"Calma amor! Pelo amor de Deus!" - Vai a mãe atrás tentando acalmar.
"Viu o que você fez? Satisfeita agora?!" Pergunta Caio á caçula, já se levantando para seguir o furdunço.
"Mas quem dá pinta é você! Foi você de quem eu falei. Não ele!" - Vai a caçula atrás tentando se redimir.
Quando enfim, silêncio total. Somente dois seres abitam o cômodo: o avô e avó. Trê contando com o Espirito Santo da cabiçeira.
O avô terminando de comer seus dois pedaços de tender, a velha, quase morrendo, leva a mão ao coração. Ele "raspa" o prato e segura o garfo com a força da direita:
"Ué?... Acabou o tender?"


o homem discreto.
Ele era muito discreto. Procurava não fazer o mínimo barulho quando adentrava nas mais diferentes residencias da classe alta paulista. Fazia tudo sozinho. Em torno de meio dia, ia entrando pelos portões dos prédios mais luxuosos dos Jardins. O figurino, claro, específico para a ocasião. Vestia um terno preto risca de giz e uma gravata vinho, sempre a mesma gravata que lhe dava sorte, uma valise preta na mão esquerda e um óculos escuros que cobria metade do rosto. O porteiro ia ao interfone e era sempre: "o que deseja?" ou "como posso ajudar?". Ele SEMPRE respondia: obrigado pela atenção, mas marquei de me encontrar com um sócio aqui na porta. Ás vezes não levava nem cinco minutos. Todos os porteiros o convidavam para esperar do lado de dentro do prédio. Ele entrava. Agradecia mais uma vez e se sentava no sofá do hall, sempre muito chique. Era tempo de colocar a sua valise sobre o seu colo que misteriosamente, o seu celular, sempre de última geração, tocava. "Alô? Estou te esperando! Quer que eu suba? Mas nós marcamos aqui embaixo! Tudo bem! Só uma xícara!". E era assim que ele pegava o elevador principal e sem levantar nenhuma suspeita, circulava pelos corredores do prédio. Ele tocava a campanhia de todos os apartamentos. Geralmente um por andar, no máximo dois. E quando alguém atendia, ele simplesmente dizia "Desculpe, o honda civic em frente a fachada do prédio é seu? Eu gostaria de tirar o meu carro. Está bem atrás!" Quando ninguém atendia, ele entrava. Tirava uma penca de chaves do bolso, um grampo de cabelo e pronto. Nenhuma fechadura que resista. Fechava a porta. E todo objeto de valor que coubesse dentro da valise, ele ali a colocava. Chegara uma vez a acumular um milhão de reais somente em jóias preciosas que consiguira no Jardim América. Foi assim durante uns dez anos. O quanto ele acumulou era um valor surpreendivel. Todo dia ele saia para trabalhar. E como trabalhava sozinho, tudo ficava para ele. Não podia confiar em bancos, como explicar esse valor altíssimo que possuia? Até que resolveu se aposentar. Um último roubo. Um último prédio. A essa altura do campeonato ele tinha dinheiro para viver mais cinco vidas sem precisar trabalhar. Acordou, tomou um banho, tomou café e pos o terno preto com risca de giz como de costume. A gravata da sorte vinho e a valise preta na mão esquerda. Pegou um óculos lindo da Prada que havia comprado se não me engano duas semanas antes. E foi em direção ao Morumbi. O mesmo esquema de sempre e logo estava dentro do apartamento de um famoso apresentador de televisão. Sozinho. Embolso todas as jóias de sua esposa, dólares que guardava dentro de um cofre atrás de um quadro sobre a escrivaninha do escritório. Uns cem mil reais de brincadeira foram embolsados naquele dia. Satisfeito, Ele voltou pra casa. Foi recebido com uma citação ao menos curiosa de seu porteiro no Jardim Paulista: "Ué? Pensei que o senhor tivesse em casa. O moço de terno subiu pra falar com o senhor!" Sem pensar duas vezes, Ele subiu correndo as escadas, deixando a valise pra trás no hall da portaria. Não havia nem saber quem poderia ser. As cameras de segurança só seriam implantadas na segunda-feira. Chegou no seu andar e sua porta estava arrombada, todo o trabalho de dez anos, havia sido em vão. O misterioso homem de terno e gravata havia levado tudo. Um momento de emoção tomou conta d'Ele, mas foi rápido. Lembro que ao menos tinha uns cem mil que havia conseguido na brincadeira do dia. Desceu pra bsucar a valise na portaria. O porteiro o encarava com curiosidade: "Ué Aldemar? Cadê a minha valise?" Ele olhou pra mim com mais curiosidade ainda:"Que Valise, doutor?"


mal entendido.
Um homem deixou as ruas cheias de neve de Chicago para umas férias na ensolarada Flórida. Sua esposa estava viajando a negócios e estava planejando encontrá-lo lá no dia seguinte.
Quando o homem chegou ao hotel, resolveu mandar um e-mail para sua mulher. Como não achou o papelzinho em que tinha anotado o endereço do e-mail dela, tirou da memória o que lembrava e torceu para que estivesse certo.
Infelizmente ele errou uma letra e a mensagem foi para uma mulher de um pastor, que havia morrido no dia anterior. Quando ela foi checar os seus e-mails, deu um grito de profundo horror e caiu dura e morta no chão.
Ao ouvir o grito, sua família correu para o quarto e leu o seguinte na tela do monitor:
"Querida esposa, acabei de chegar. Foi uma longa viagem. Aqui é tudo muito bonito. Muitas árvores, jardins... Apesar de só estar aqui a poucas horas, já estou gostando muito. Agora vou descansar. Falei aqui com o pessoal e está tudo pronto para a sua chegada amanhã. Tenho certeza de que você também vai gostar... Beijos do seu eterno e amoroso marido."
*PS: Está fazendo um calor infernal aqui!

"Identifique-se." (Groucho Marx)


o cahorrinho e a pantera.

Um senhor muito rico vai a caça na África e leva consigo um cachorrinho para não se sentir só naquelas regiões.
Um dia, já na expedição, o cachorrinho começa a brincar de caçar mariposas e quando se dá conta já esta muito longe do safári. Nisso, vê que vem perto uma pantera em sua direção. Ao perceber que vai ser devorado pela pantera, pensa rápido no que fazer. Logo vê ossos de um animal morto e se coloca a mordê-los. Então, quando a pantera se aproxima e eestá a postos para atacá-lo, o cachorrinho diz:
-Ah! Que delícia essa pantera que acabo de comer!
A pantera pára bruscamente e sai apavorada, correndo do cachorrinho e vai pensando: "Que cachorro bravo! Por pouco me come também!"
Um macaco que estava trepado em uma árvore próxima e que havia visto a cena, sai correndo atrás da pantera para lhe contar como ela foi enganada pelo cachorro.
Mas o cachorrinho percebe a manobra do macaco. O macaco alcança a pantera e lhe conta toda a história. Então a pantera, furiosa, diz:
-Cachorro maldito! Vai me pagar! Agora vamos ver quem come a quem!
-Depressa! - disse o macaco. - vamos alcançá-lo.
E saem correndo para buscar o cachorrinho. O cahorrinho vê que a pantera vem atrás dele de novo e desta vez traz o macaco montado nas costas.
"Ah, macaco desgraçado! O que faço agora?" pensou o cahorrinho.
O cachorrinho, ao invés de sair correndo, fica de costas como se não estivesse vendo nada, e quando a pantera está prestes a atacá-lo novamente, o cachorrinho diz:
-Maldito macaco preguiçoso! Faz meia hora que eu o mandei trazer-me uma outra pantera e ele ainda não voltou!

"Em tempo de crise, só a imaginação é mais importante que o conhecimento." (Albert Einstein)


onde é o banheiro?

Uma família inglesa, visitando num final de semana uma região pitoresca da França, notou que havia uma casa para alugar.
Tendo todos gostado da casa, combinaram com o proprietário alugá-la para passarem as próximas férias. De volta a Inglaterra, iniciaram os planos e os preparativos para a viagem. Enquanto discutiam a localização dos cômodos, o filho mais novo perguntou onde se situava o banheiro. Como nenhum membro da família soube responder, a mãe escreveu uma carta ao proprietário solicitando informações:
"Caro Senhor, em nome da família que aí esteve a semana passada e alugou sua casa, solicito que me informe a exata localização do WC."
O proprietário, pensando significar WC a abreviatura da Capela da seita inglesa White Chapel, respondeu:
"Prezada Senhora, recebi sua carta e tenho o prazer de informa-lhe que se encontra a 10 quilômetros da casa o local a que a senhora se refere. Isso é bastante cômodo, principalmente se a família tem o habito de frenquenta-lo periodicamente. Quando para lá se dirigem, é importante que levem comida para permanecerem o dia todo. Alguns costumam ir a pé, outros de bicicleta ou moto. Há lugar para 400 pessoas sentadas e mais 50 em pé. Existe ar-condicionado que sempre funciona. Os assentos são de veludo(é bom chegar cedo, a fim de conseguir um lugar para sentar). As crianças ficam ao lado dos pais, e todos cantam hinos de agradecimento ao momento tão glorioso. Na entrada é fornecido uma folha de papel para cada um, mas quem por acaso chegar atrasado poderá usar a folha do vizinho. A folha deverá ser devolvida na saída, pois será utilizada durante todo o mês. Tudo que for recolhido será entregue ás crianças e as pessoas pobres da região. Existem fotógrafos que tiram flagrantes para os jornais da cidade, assim todos podem ver seus irmãos no cumprimento de um dever tão humano e sagrado."