quarta-feira, 15 de setembro de 2010

respeito é bom e o delegado gosta.

Revirando alguns documentos aqui em casa, encontrei algumas relíquias perdidas, pra mim. Sempre gostei muito de escrever e dentro os textos que escrevi, a maioria eram roteiros de peças, filmes, séries etc. Encontrei aqui, uma peça que escrevi para um projeto da minha antiga escola do ano de 2007, ao qual escrevi três peças teatrais para serem apresentadas á outras escolas. Então, publico aqui a primeira peça da trilogia do ano de 2007: "Respeito é bom e o delegado gosta!"

obs: Levem apenas em consideração que escrevi esse texto quando tinha quatorze anos, e que provavelmente, fui melhorando com o tempo! (risos)


CENA 1.
A PADARIA ESTÁ PEGANDO FOGO. A CIDADE INTEIRA FICA EM VOLTA DO PADEIRO QUE ESTÁ EUFÓRICO. TODOS NÃO SABEM O QUE FAZER. O PADEIRO GRITA E RECLAMA. NINGUÉM ESTÁ LHE SUPORTANDO.

PADEIRO: Ox! Ninguém vai me ajudar não?  Acudam! É a padaria que está em chama!

CHARRETEIRO: E eu com isso? Padaria não é minha!

PADEIRO: Mas é do meu pão que você da de comer pros seus filhos!

CHARRETEIRO: É nada padeiro! Que o senhor morre, mas não vende fiado!

PADEIRO: Então como você quer que eu te venda fiado se você não vai ter dinheiro pra me pegar?

CHARRETEIRO: Então por isso mesmo que eu vou deixar pegar fogo! Não tenho nada com isso!

DÉZIA: Deixe de ser um menino mal criado charreteiro e acuda a padaria!

CHARRETEIRO: Eu não entro ai dentro nem com a molesta do cachorro doido!

PADEIRO: A minha padaria está pegando fogo! Quero uma autoridade aqui imediatamente!

CABO: Falou em autoridade, estou aqui!

DÉZIA: Mas isso ai não é autoridade nem com a molesta do cachorro doido!

CABO: Olha que eu posso te levar presa por desacato á autoridade!

DÉZIA: Você não prende nem passarinho em gaiola velha! Vai catar na feira homem!

CABO: Eu vim aqui pra ajudar! Se vocês não querem a minha ajuda, estou indo pra delegacia!

PADEIRO: Pelo amor de Deus, volte seu Cabo! Essa velha da Dona Dézia não sabe o que diz!

DÉZIA: Velha é a sua padaria! Que se estivesse nova não taria pegando fogo!

PADEIRO: Olha o respeito! Meu pai abriu essa padaria quando ele ainda era novo, que Deus o tenha!

DÉZIA: Não estou dizendo? Devia alimentar dinossauro com a padaria do jeito que aquele cabra era velho!

CHEGA A DOUTORA JUNTO COM A D. NELI.

DOUTORA: Cheguei! Tem alguém machucado?

PADEIRO (CHORANDO): Tem sim! A minha padaria!

DOUTORA: Oxente! Isso posso ajudar não! Nunca cuidei de padaria! Recebi um telefonema lá da prefeitura dizendo que era pra eu vir pra cá cuidar dos ferimentos de alguém que tinha se queimado com o fogo!

D. NELI: Falando em prefeitura, onde ta aquele salafrário do prefeito? Pra ajudar nessa barbaridade!

PADEIRO: Boa pergunta!

DÉZIA: Aquele sim! Era pra ser autoridade nessa cidade (da um tapinha na cabeça do Cabo)! Nunca mais voto em prefeito algum! Vo me mudar dessa cidade!

TODOS: Graças á Deus!

PADEIRO: Eu só quero salvar minha padaria! Eu vou viver do que?

CHARRETEIRO: Da mesma coisa que a gente! Leite de vaca e... E...

PADEIRO: E?


CHARRETEIRO: E o que tiver pra comer!

FIM DE CENA.

CENA 2.
O PALCO FICA ESCURO.  A LUZ VAI CLAREANDO ELE LENTAMENTE COM O SOM DE UMA MÚSICA CALMA. LOGO SE ESCUTA O RONCO DO PREFEITO QUE SEGURA UMA GARRAFA DE CACHAÇA EM UMA MÃO. ELE ESTÁ DORMINDO. LOGO ELE ACORDA COM O BARULHO DE ALGUÉM NA PORTA.

PREFEITO: Já vai! Já vai!

O PREFEITO ABRE A PORTA E ENTRA TINA, RAPOZA E CLOTILDA.

PREFEITO: Ox! O que vocês querem aqui?

TINA: Contar o que aconteceu ontem a noite homem de Deus!

RAPOZA: Você não pediu pra gente fazer cera lá na padaria? Porque o senhor devia testar lá! Mandou a Doutora, mas ela não resolveu problema nenhum!

PREFEITO: Como vocês sabem que eu mandei a Doutora?

AS TRÊS: A gente sabe de tudo!

PREFEITO: Deixa de conversa e me contem o que aconteceu pelo amor de Deus!

CLOTILDA: Te contar o que aconteceu pode até ser...

TINA: Pelo amor de Deus é que vai ser complicado...

RAPOZA: Amor de Deus está custando muito caro sabe seu Prefeito? Se o senhor não colaborar com amor a gente, Deus não vai te dar nada!


PREFEITO: É o que Ele iria me dar?

CLOTILDA: Informação!

O PREFEITO JÁ TIRA A CARTEIRA DO BOLSO.

PREFEITO: E quanto eu tenho que pagar por ela?

TINA METE A MÃO NO DINHEIRO QUE ESTÁ DENTRO DA CARTEIRA DO PREFEITO E GUARDA EM SEU DECOTE.

TINA: Sem resmungar seu prefeito! Tudo tem sem preço!

PREFEITO: Deixe de lero e fale logo!

RAPOZA: Está bem! A padaria pegou fogo, acabou de vez a era do pão e da fama do padeiro! Agora ele está vindo atrás de você tomar satisfação de porque você não foi ajudar ele de maneira mais produtiva!

TINA: Realmente! Se fosse minha casa que tivesse pegando fogo e o senhor mandasse a Doutora resolve o problema, eu ia vir aqui e te arrebentar os córnio!

PREFEITO: Olha o respeito Tina! Eu fiz isso pensando no bem de todos!

O PREFEITO TOMA UMA GOLADA DE CACHAÇA.

CLOTILDA: Sendo assim, nós estamos indo! E se eu fosse o senhor, chamava uma autoridade! Porque ou o padeiro te mata hoje...

PREFEITO: Ou...

AS TRÊS: Ou ele te mata amanhã!

AS TRÊS SAEM DA PREFEITURA E O PREFEITO ENTRA EM ESTADO DE CHOQUE. LOGO COMEÇA Á BEBER SEM PARAR.

PREFEITO: E agora meu padin ciço?O padeiro vai arrancar meu fígado, decepar meu estomago e corta meus rins!

O PREFEITO DA UMA GOLADA DE CACHAÇA.

PREFEITO: Não posso nem chamar aquele Cabo! Do jeito que aquilo lá é froxo corre só com o cuspe do padeiro! Ai meu Deus! O padeiro vai chupar o sangue de meus corações!

O PADEIRO CHEGA QUEBRANDO A PORTA. O PREFEITO NÃO PERCEBE.

PADEIRO: Pelo que eu saiba, o senhor só tem um!

PREFEITO: Mas ele arranca o outro! Aí meu padre ciço!

PADEIRO: O senhor tinha que ter tomado partido no incêndio de minha padaria! Agora eu vou fazer tudo isso que o senhor disse que eu ia fazer! Começando pelo rim!

O PADEIRO LHE APONTA A FACA.

PREFEITO: Alto lá! Seu padeiro! Que olhos vermelhos! E essas olheiras! O senhor não tem dormido não “home”?

PADEIRO: Passei a noite em claro esperando por esse momento!

O PADEIRO LHE APONTA A FACA NOVAMENTE.

PREFEITO: Mas aí é que está! O senhor seu padeiro, esperou ansiosamente por esse momento e vai fazer isso, um feito tão importante, tão cansado assim? Nada disso! Não vou permitir!

O PREFEITO VAI O ACOMPANHANDO ATÉ A PORTA.

PREFEITO: O senhor tome um banho, descanse, durma, coma alguma coisa, passeie de charrete, ande á cavalo, que faz bem pros músculos, visite seus parentes lá em Caprocó, volte, tome banho, descanse, durma, coma alguma coisa e depois o senhor venha e me mate! Estarei lhe aguardando!

O PREFEITO FECHA A PORTA NA CARA DO PADEIRO QUE VAI EMBORA. O PREFEITO DA UMA OLHADA NA JANEL E DEPOIS SUSPIRA. LOGO VOLTA Á CORRER E DIRIGI-SE AO TELEFONE.

PREFEITO: Alô! É da capital? Quem fala é o prefeito de Piraúna eu preciso de um delegado urgentemente! Não! Pro Alasca! Óbvio que é pra Piraúna! Quanto eu pago? Ninguém me disse que tinha de pagar por delegado! Então me vê ai o mais barato! Qual é o nome dele? Então manda esse logo! Mas é pra ontem ouviu moça?

FIM DE CENA.

CENA 3.
ESTRADA PARA PIRAÚNA. O NOVO DELEGADO E O CHARRETEIRO ESTÃO INDO PARA A CIDADE. DE
REPENTE O CAVALO EMPACA.

DELEGADO: Ox! Mais que diabo de cavalo é esse?

CHARRETEIRO: Ox foi isso mesmo que eu perguntei pra Jacira quando ela me apareceu com esse bicho filhote! “Jacira, que diabo de cavalo é esse?” Todo desnutrido pra você ter uma idéia...

DELEGADO: Não quero saber! Faz esse cavalo andar!

CHARRETEIRO: Esse é o pior diabo de cavalo pra fazer andar! Isso aí quando para tem que espera no mínimo meio hora pra andar de novo!

DELEGADO: Meia hora? Não posso esperar nem mais dez minutos cabra! Se esse cavalo não anda imediatamente eu arredo o pé daqui sozinho!

CHARRETEIRO: Mas pra que pressa pra chegar naquela cidade imunda, nojenta, sem vergonha, safada, só cabra bandido...

DELEGADO: Porque eu tenho pressa de mudar essa cidade pra uma cidade limpa, cheirosa, sem bandidagem, sem malandragem...

CHARRETEIRO: Já entendi! O senhor quer se candidatar á prefeito! Então não tem nada que reclamar do cavalo porque ele ainda ta no lucro de quatro anos!

DELEGADO: Se candidatar á prefeito nada! Eu to indo lá pra resolver esses problemas todos! Como delegado!

CHARRETEIRO: De quem?

DELEGADO: Eu sou um delegado!

CHARRETEIRO: Nunca ouvi falar no dono desse gado não! Ele é daqui de Piraúna?

DELEGADO: Não tem delegacia em Piraúna não?

CHARRETEIRO: A! Mais é claro! Você vai trabalhar na delegacia! Com a doceira! Vendendo doces!

DELEGADO: A doceira usa a delegacia pra vender doces?

CHARRETEIRO: Vende de todo gosto que o senhor possa imaginar! Você vai fazer as entregas?

DELEGADO: Vamos Charreteiro! Bote esse cavalo pra anda que agora eu fiquei com mais pressa ainda!

O CHARRETEIRO FAZ UMA “MANOBRA” COM A CORDA E BOTA O CAVALO PRA ANDAR.

CHARRETEIRO: Ih! Andou!

FIM DE CENA.



CENA 4.
TODOS ESTÃO REUNIDOS NA DELEGACIA PARA A NOMEAÇÃO DO NOVO DELEGADO.

PREFEITO: Cidade de Piraúna! Estamos todos reunidos aqui pra a nomeação do novo delegado! Por favor venha até aqui! Delegado!

DELEGADO: Estou sabendo da situação desta cidade! Isso aqui está horrível! Todos vocês não se respeitam! Não se aturam! Mas agora é o início de uma nova era! A era do delegado! Quem faltar com respeito ao próximo será punido!

DOÇEIRA: É verdade que você vai roubar meu ponto de venda de doces seu salafrário de uma figa?!

DELEGADO: Primeiro; respeite a autoridade!

DÉZIA: Aí cabou! Outro metido á autoridade!

DELEGADO: Segundo; Se a senhora não sabe, delegacia não foi feita pra vender doces, e sim pra prender gente! Quem foi a ignorante que te ensinou que se vende comida em delegacia?

PROFESSORA: Assim o senhor está faltando com respeito á minha pessoa! Eu sou a professora da cidade, e eu dou aula de tudo á todos, de modo que o senhor vai ter que se punir!

DELEGADO: Ficou maluca? Você ensina errado e quem tem que se punir sou eu? Você que deve ser punida! Vou te botar na chave!

D. NELI: Assim você falta com respeito á minha pessoa! “Vou te botar na chave”? Que linguajar horrível! Em Paris, Uma cidade belíssima na Turquia se você fala uma coisa dessas você é preso!

DELEGADO: Mas foi isso que eu quis dizer! Que ela seria presa!

D. NELI: Então diga! Você será presa! Eta! Santa Ignorância!

DELEGADO: Assim a senhora está faltando com respeito á minha pessoa!
PROFESSORA: Viu?! Como é ruim ser chamada de ignorante?

DOUTORA: Vamos parar com isso! Ele veio aqui pra ajudar!

DELEGADO: Vim pra ajudar e não preciso de ajuda!

DOUTORA: Assim o senhor falta com respeito a minha pessoa! Estou querendo lhe ajudar e você me trata desse modo?!

DELEGADO: Não confunda as coisas Doutora... Estou aqui para redimir vocês de seus pecados!

CABO: Por acaso o senhor é padre?

DELEGADO: O que disse?

CABO: Estou precisando me confessar!

DELEGADO: Isso por acaso foi uma piada? Porque se foi...

DÉZIA: Foi muito engraçada! To rindo até agora!

DELEGADO: Já chega! O próximo que desrespeitar alguém, vai ter!

DOCEIRA: Vai ter o que?

DELEGADO: Confusão! Circulando! Circulando!

TODOS SAEM. FICA SÓ O DELEGADO E O CABO.

DELEGADO: Nossa! Que gente difícil!

CABO: Agora que o senhor assumiu a patente de delegado e manda “nimin”, o senhor bem que podia autorizar de eu dar uma volta! Pra espairecer um pouco...

DELEGADO: Autorização negada!

CABO: Por que?

DELEGADO: Num sabe que eu to aqui pra mandar? Você ta aqui pra obedecer!

FIM DE CENA.

CENA 5.
O PREFEITO MAIS UMA VEZ ESTÁ DURMINDO COM UMA GARRAFA DE CACHAÇA NA MÃO. ELE É MAIS UMA VEZ ACORDADO COM BATIDAS NA PORTA.

PREFEITO: Já vai! Já vai! Eta cidadezinha “tranqüila” essa hein! Não da nem pra tirar um cochilo!

ELE ABRE A PORTA E VÃO ENTRANDO TINA, RAPOZA, CLOTILDA, DARLA E A DOCEIRA.

DARLA: Seu prefeito! Eu vim reclamar da doceira! Faz uma semana que ela levou uma encomenda de doces pra vender e não trouxe o meu dinheiro! Eu como uma cozinheira de qualidade, devo receber imediatamente pra comprar novos ingredientes, e fazer mais doces, pra que eu possa vender sozinha na delegacia!

TINA: Então minha filha você vai a falência e é já!

RAPOZA: Porque o seu prefeito deu o ponto de doce da delegacia pra um homem muito do estranho!

DOCEIRA: Então foi você que deu meu ponto pra aquele safado?!

PREFEITO: Mais ou menos!

A DOCEIRA VAI PRA CIMA DO PREFEITO QUE FICA NERVOSO.

DOCEIRA: A é? Pois vai apanhar bem muito!

CLOTILDA: Mas a culpa não é só dele não!

A DOCEIRA PARA. PREFEITO SE ACALMA

DOCEIRA: Então é de quem?

TINA: É do padeiro por ter ameaçado o seu prefeito de morte por o prefeito não ter acudido a padaria quando estava pegando fogo.

O PREFEITO VAI FICANDO MAIS NERVOSO.

PREFEITO: Como vocês sabem? Quer dizer! De onde vocês tiraram isso?

AS TRÊS: A gente sabe de tudo!

DARLA: E como eu fico? Vou ficar sem receber nada pelos meus doces?

DOCEIRA: E eu? Vou ficar sem vender meus doces?

PREFEITO: Eu não acredito que estou fazendo isso mas... Pode usar a prefeitura...

O PREFEITO TOMA UMA GOLADA DE CACHAÇA. NISSO ENTRA AOS BERROS A GINAH.

GINAH: Oxente! Aconteceu uma coisa com a Dézia! Vocês se lembram que ela faltou com respeito ao delegado estranho? Ela virou uma vaca!

TODOS: O que?

FIM DE CENA.

CENA 6.
DELEGACIA. TODOS PEDEM AO DELEGADO PARA QUE DÉZIA VOLTE AO NORMAL. ESTÁ O MAIOR TUMULTO.

DELEGADO: Oxente! Eu já não estou entendendo mais nada! Pelo que eu sei, ninguém gostava dela, ela tratava mal á todos, agora vocês querem ela de volta? Porque?

PROFESSORA: Ela divertia Piraúna!

DOUTORA: E conhecia um monte de história!

DOÇEIRA: E adorava os meus doces!

GINAH: Ela era minha patroa! Nunca me pagava... Mas era minha patroa!

DELEGADO: Posso até trazê-la de volta, mas vocês vão ter que me prometer que irão dar valor á ela! Irão respeitá-la...

CABO: Isso se ela nos respeitar também!

DELEGADO: Tenho certeza que com essa história toda ela vai ter aprendido á respeitar vocês!

DARLA CHEGA GRITANDO NA PREFEITURA.

DARLA: Roubaram os meus doces!

DELEGADO: Vamos todos juntos descobrir quem foi!

TODOS: Todos juntos?

DELEGADO: Mas é claro! A Darla não faz os doces pra ela... Faz os doces pra vocês! Então vamos todos descobrir quem foi e depois eu trago a Dézia de volta!

D. NELI: Eu não vou a lugar algum! Está um calor estrondoso! Eu não vou usa o meu hobby pra sair procurando ladrão nesse deserto!

DELEGADO: O que é hobby?

D. NELI: É sapato em francês!

PROFESSORA: Correto! Nota 10!

PREFEITO: Então vamos nos dividir pra achar esse ladrão! Eu fico na prefeitura comendo os doces da doceira e bebendo minha pinga e você vão pro outro lado!
DELEGADO: Prefeito!

PREFEITO: Ta bom! Vamos!

FIM DE CENA.

CENA 7.
TODOS ESTÃO VINDO COM O LADRÃO PRESO DE AS ALGEMAS. O DELEGADO ESTÁ COM AS MALAS EM SUA MÃO.

DELEGADO: Viram? Juntos conseguimos pegar esse ladrão rapidamente!

LADRÃO: Assim o senhor ta me faltando com respeito! Dizendo que eu não sou digno de patente de ladrão! Vou atrás dos meus direitos!

TODOS: Cala a boca!

DÉZIA: Eu pelo menos aprendi uma lição! E não foi com a burra dessa professora!

PROFESSORA: Como é que é?

DÉZIA: To brincando minha filha!

DELEGADO: Todos nós aprendemos uma lição hoje...

LADRÃO: Eu também aprendi uma lição! Nunca mais ir pra direita, se todos vem Dê-la!

DELEGADO: Agora você está preso! E vocês não precisam mais de mim!

PREFEITO: Como não? E se o padeiro voltar?

DELEGADO: Você tem uma cidade pra te defender! Já fiz o que tinha de fazer! O que me importa é que vocês aprenderam uma lição! Eu sei que aprenderam!

TODOS APLAUDEM O DELEGADO QUE SAI JUNTO COM O CHARRETEIRO.
FIM DE CENA.

CENA 8.
O CHARRETEIRO E O DELEGADO ESTÃO VOLTANDO DE CHARRETE E O CAVALO EM PACA.

DELEGADO: De novo não!

BLECAUTE (ESCURIDÃO)

FIM.


por alberto szafran.


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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

19:16

    Ele corria todo dia do trabalho para a sua casa. Mas corria mesmo. Morava relativamente perto do serviço, umas três quadras. Largava no restaurante exatamente ás 19:00 e 19:07 já chegava em sua residência.
    Assim que entrava em casa ele tirava a camisa e a jogava em cima de sofá logo a direita da porta. Ia direto pra cozinha, tirava a pipoca amanteigada do armário que comprara na mesma manhã, colocava no microondas e apagava a luz. Pegava a Coca na geladeira e a colocava ao lado da poltrona em frente a sala. Tudo pronto. O telescópio entre a poltrona e a janela. O microondas apitava denunciando a pipoca que ficava pronta. Já ligado na janela do prédio logo a frente, ele despejava a pipoca do saco uma vasilha de plástico acima do fogão quatro bocas. Trazia para a poltrona, colocava sobre o seu colo e a Coca-Cola entre a coxa esquerda e o braço do assento que a equilibrava. Tudo apagado. Extremamente imperceptível. Eram exatamente 19:16. Ela chegava em casa. Chegava em torno dessa hora sempre, entre 19:15 e 19:20. Ela não fazia absolutamente nada demais. Entrava em casa, apanhava a correspondência no chão, deixava a bolsa sobre a mesa e entrava em seu quarto. Pronto. A mágica acabava. Isso era questão de minutos, as vezes nem isso. Mas só isso o deixava louco.
    Essa cena se repetira várias vezes. Até que um dia, ela simplesmente não apareceu. Ele a esperara até 19:40 e ela não estava lá. Ele foi caindo em uma angústia profunda. Perguntas impertinentes circundavam os seus raciocínios até que... Ele escutou um barulho estranho atrás da poltrona. Como se fosse alguém, mastigando pipoca. Rapidamente ele olhou para trás e a viu, comendo pipoca, com um pequeno binóculos de bolso o observando. Ela contemplou-o com um sorriso. Ele vermelho de vergonha. Ela joga o binóculos sobre a mesa. Fecha o sorriso totalmente e o encara por alguns segundos. Ele esperava alguma bronca ou algum deboche. Ela se levantou, foi até ele e soltou:
- Quer pipoca?!


por alberto szafran.


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terça-feira, 7 de setembro de 2010

artigo 2 - atual humor independente.

           Eu me lembro quando me divertia assistindo programas independentes na televisão como "Chaves" e "Chapolim Colorado" que conquistavam a todos os públicos pela simplicidade através de seus diálogos leves.
           Comédia era feita sem muita pretensão pelos canais a que eram veiculados e o barato não era estar na moda assistindo ás, mas simplesmente rir do que era feito. É claro que com o passar do tempo a comédia foi se desenvolvendo e tomando formas mais complexas que tendiam para um lado mais comercial, o que sem dúvida alguma é ótimo pois assim você influencia outras pessoas á se descobrirem comediantes e tentarem uma participação nesse difícil meio artístico.
          Com o crescimento dessa classe, que foi se tornando predominante no meio, a competição saudável foi sendo cada vez mais estimulada, classificando os comediantes em amadores e profissionais. Com o passar do tempo o humor foi sendo transmitido á outros veículos de comunicação além da televisão, e do teatro (formas essas caracterizadas por uma árduo esforço, para não dizer enorme talento).
          Veio a internet. Uma maneira rápida, prática e eficaz de expor o seu trabalho para um público selecionado. A internet, com todos os seus pontos positivos trouxe mais dinamismo e qualidade a indústria de entretenimento brasileiro. Talentos foram descobertos na internet, pessoas se tornaram famosas por ela e outras conseguiram um espaço e um reconhecimento pelas suas realizações onlines. Cada vez que o tempo passava mais canais de relacionamento eram criados e mais gente usufruia do direito a sua devida exposição podendo gozar da liberdade de expressão tão bem defendida pela constituição da democracia que vivemos hoje em dia. O único problema é que todo grande processo de transformação, traz além de pontos positivos, alguns negativos também. Quando se abre um canal de comunicação onde as pessoas podem expor o que veem á sua cabeça, vocês lhe da oportunidade para atingir o que e quem quiserem da maneira que bem entenderem.
           Eu como democrata, sou completamente á favor e defendo a liberdade de expressão com unhas e dentes, mas quando quem goza dessa regalia á usa de maneira indevida, a liberdade passa a se tornar falta de respeito, e assim como a liberdade de expressão é defendida pela nossa constituição, o respeito mútuo também o é. Ao ver que muitas pessoas estão utilizando atualmente da comédia como uma simples meio para atacar o que bem entendem, me sinto ofendido; como o apaixonado que sou pelo entretenimento, vejo que certas pessoas (não todas) estão utilizando de meios que lhes foram cedidos para faltar com respeito alheio. Mesmo que essas pessoas não se auto intitulem humoristas ou comediantes, elas usam do sarcasmo e do cinismo (características primordiais do gênero) para atingir um público que em sua grande maioria quer apenas se divertir, e não ouvir palavrões e baixarias a respeito de bandas, artistas etc. Opinião, cada um tem a sua e guardar para si não é desconsiderar a liberdade de expressão, muito pelo contrário, é fazer bom uso dela. Eu poderia aqui citar nomes de diversos artistas, que segundo a minha opinião, não tem talento algum e só conquistam o seu público pois usam os palavrões de maneiras que os tornam engraçados (É o que eles pensam).
           Postar um vídeo no youtube atacando alguém não é colaborar para a comédia, mas sim para a violência. No dia em que esses artistas respeitarem a arte de fazer rir talvez eles possam ser tão grandes como são Chico Anysio e Jô Soares, sem esquecer Costinha, um grande comediante que não dispensava um palavrão para completar suas saudáveis piadas. Humoristas mesmo que com uma pecualiar forma de se utilizar o gênero, ironizando situações e pessoas, nunca ofenderam absolutamente ninguém. Fazer produções independentes sem o mínimo de estrutura é possível, fazer sucesso com elas, também. "Como disse no ínicio, "Chaves" e "Chapolim Colorado" são um exemplo disso.


por alberto szafran.


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